segunda-feira, 28 de outubro de 2013

*DANADO DE QUÊ?!*

Lampião e seu bando vinham pelo sertão e de longe avistaram o barulho e as luzes de um forró. Lá chegando, o Capitão foi logo ordenando:
- Todo mundo NU!!!
Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Todos despidos, quando vem nova ordem para todos dançarem em fila indiana, fechando o círculo, e lá vai um atrás do outro dançando, quando veio a ordem inesperada:
- Agora... UM DEDO NA BOCA e o OUTRO NO FIÓS DA PESSOA DA FRENTE!!
Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Era engraçado ver aquela roda de gente dançando em círculo com o dedo enfiado no fiós do parceiro da frente e, então, Lampião resolve incrementar mais a dança:
- AAAGOOORRA... TROCAR DE DEDO...
Um dos dançarinos reclama baixinho:
- Vixe Maria, assim é danaod!
Lampião com ouvido de águia escuta e lasca a pergunta:
- DANADO de quê, cabra?
- DE BOM, SEU CAPITÃO 

domingo, 21 de julho de 2013

Carro cheio de dotôs bêbos!

Certa vez, como prefeito de Cajazeiras recebi uma equipe de técnicos da SUDENE que veio ver as possibilidades potenciais de investimentos daquele órgão na nossa cidade. Nisto tivemos que nos deslocar e fomos no carro do município, lá pelas tantas eles conversávamos animadamente e comentavam quão popular era a SUDENE pelos seus bons serviços prestados ao Nordeste. Ao pararmos numa bodega para tomar um refrigerante, um deles, mais afoito, tentou fazer o teste São Tomé, do ver pra crer e tascou a pergunta:
- Oh, meu prezado, você sabe o que é SUDENE?
- Sei sim, meu senhor! SUDENE é um carro preto com uma faixa amarela de fora e cheio de dotôs mortos de bêbos!

domingo, 7 de julho de 2013

Mooorrreeeu demaaaiss!

Chagas do Melão, cunhado e compadre de papai, era uma figura pitoresca. Entre outras histórias se contava que na época em ele morava no Sitio Melão (Ceará na fronteira com Cajazeiras) tinha uma bodega na lateral da sua casa e como não podia faltar, tinha à venda a cachaça. Chagas, sujeito pacífico, não se envolvia em confusão, se acaso houvesse algum pega-pra-capar na bodega, ele caía fora e gritava para a mulher:
Corre, Estela, tão quebrando a tua bodega!”.
Chagas tinha a mania de dizer “é demais”, não entabulava uma conversa mais longa sem deixar de usar esta locução adverbial.
Cícero Moreira, cunhado do Chagas, migrou já septuagenário para o Maranhão onde já moravam vários filhos. Quando a saudade apertava convidava o cunhado, já viúvo, para vir ao Maranhão, oferecendo-se mesmo até pagar as despesas da viagem.
Quando Chagas chegava à São Luís, o velho Ciço, como era conhecido, danava-se a indagar: “E fulano como vai? E beltrano?... E sicrano?...” e Chagas debulhava as novidades. “Vai bem, até a filha, a Marinete, casou com Nelmarion do cumpadre Zé das Melancias”. Ou “Homi, não te digo, tu acredita que de tão veio Pedão da Serra da Areia se avexou a caducar”. E assim desfiavam longas horas de prosa sobre os acontecidos na Cajazeiras querida e cercanias.
Numa dessas conversas, Ciço perguntou ao cumpadre por uma certa pessoa muita conhecida e o cumpadre Chagas foi bem lacônico:
- “Morreu...”.
Ciço espantado tornou a pergunta: “Morreu?”. “Morreu?”.
E ouviu como resposta do cumpadre Chagas:
-“Homi, mooorrreeeu, mais mooorrreeeu demaaaiss!”.


domingo, 30 de junho de 2013

Parou de chover?

cachoeira dos índios, sítio boa fé, sítio braúnas, boléia lotada, caixão de defunto, carona

domingo, 23 de junho de 2013

*A proeza de Chico Branco!*

Chico Branco morava no Sítio Riacho da Lagoa e estava com a parteira fazendo serviço de parto na esposa, de madrugada o negócio complicou, então a parteira pediu um médico urgente para ajudá-la e exigiu que fosse  Dr. Deodato Cartaxo que não trabalhava de graça e tinha o costume de gratificar as indicações que lhe eram feitas.
Chico Branco não consegue localizar Dr. Deodato e desobedecendo a parteira vai atrás de Dr. Waldemar que não cobrava de ninguém e atendia de bom grado quem o procurasse, podia ser de madrugada, meia-noite ou qualquer hora.
Como era esperado lá vai o abnegado Dr. Waldemar para o sítio resolver o problema do parto. No caminho, Chico Branco não tendo o que fazer, comenta que tinha procurado Dr. Deodato e não tinha achado. Dr. Waldemar comenta bem sentido: “Ai é, quer dizer que a preferência era Deodato, mas como não achou...”. E o assunto mudava, mas quando voltava o silêncio, ele comentava novamente: “Ai é, quer dizer que a preferência era Deodato, mas como não achou...”. Chico Branco queria até dar na própria língua, mas já tinha dito.
Ao final do trabalho de Dr. Waldemar, Chico Branco pergunta quanto custou o serviço? E ouve uma resposta altamente inesperada:
- Um mil e quinhentos cruzeiros...
Chico Branco
Chico Branco toma até um susto já que esperava ser como de costume, ou seja, o serviço gratuito, sem outro caminho mete a mão no bolso, quando ver que só tinha setecentos cruzeiros.
- Dr. eu só tenho setecentos...
- Não tem problema, responde Dr. Waldemar.
 Dr. Waldemar pega o dinheiro, pondo nas mãos abertas com as palmas pra cima para olhar melhor o dinheiro e exclama:
- Eu não devia receber, mas a preferência era Deodato... tome bolso!
Veja também:

Iconografia do Dr. Waldemar Pires Ferreira e D. Iracle (dezenas de fotografias)


Dr. Waldemar: o professor, o médico e o rotariano

100 anos de Waldemar Pires Ferreira



domingo, 9 de junho de 2013

CARRAI DE ASAS!

Chagas do Melão (clique e veja mais histórias dele), cunhado e compadre de papai, era divertido. Na inauguração oficial da BR-230 (João Pessoa/Cajazeiras), o prefeito de então, Dr. Epitácio Leite Rolim, mandou dar uma limpada na cidade para receber o ministro Mário Andreazza que vinha prestigiar o evento: meios-fios pintados de branco, árvores podadas, alguns consertos no calçamento... O rebuliço chamou atenção do povo.
Chagas sempre inquieto, andando pra cima, pra baixo, levando e trazendo novidades, é indagado o motivo de tanto ajeitado na cidade:
-E vocês não sabem??? É um tal de Máárriioo...
- Mário, o que?
- Sei lá, um tal de Máárriio... UM CARRAI DE ASAS!... E vem também o Edis Tavares!
Tia Estela, sua esposa, com a paciência que Deus lhe deu, conserta:
-Chagas, não é Edis, é Edme Tavares...
- É... É esse outro CARRAI DE ASAS!


quinta-feira, 23 de maio de 2013

VOCÊ PLANTA COCO?

Seu José das Areias tinha uma plantação de coco famosa na região, aliás, a maior, só para se ter uma idéia ele tinha uma dúzia de coqueiros bem carregados.
O maior prazer que o velho tinha era, ao receber visitas, oferecer água e a carne do fruto. Quando o visitante estava se refestelando com muito prazer não tinha outra atitude a não ser fazer, com sua voz fanhosa, a pergunta:
- “VOCÊ GOSTA DE COCO?” A situação era muito engraçada ao fazer esta pergunta em tom alto e com a sua voz fanha, estridente e fina!
- “Claro seu Zé, esta ótimo!”, respondia a visita.
- “VOCÊ PLANTA COCO?” retrucava o velho.
- Não, Seu José!
Mais engraçada ainda era a resposta do velho que deixa qualquer um desconcertado: 
- “ENTÃO VOCÊ NÃO GOSTO DE COCO, QUEM GOSTA DE COCO É O VELHO ZÉ DAS AREIAS QUE PLANTA!”


sábado, 18 de maio de 2013

Maria, traz uma cerveja e uma lata de goiabada!

Eu tinha uma loja na Rua Epifânio Sobreira e no canto morava seu José Alencar, pai do causídico Joaquim Alencar, pessoas amigas de ótimo quilate. Todas às vezes que eu passava a pé em frente à sua casa, Seu Zé Alencar, como era conhecido, me chamava para tomar uma cerveja e eu não podia deixar de atender o convite. Mas o extravagante era ele gritar:
- Maria, traz uma cerveja e uma lata de goiabada!
Já imaginou este tipo de tira-gosto!